Joana
olhou pelo retrovisor e pode perceber que dois carros atrás o motorista parecia
se esforçar para não a perder de vista! Seu pai tinha sido investigador
particular e quando adolescente o acompanhou em uma ou outra diligência. Fez o
que aprendeu.
Acionou o pisca alerta e parou o carro e tentando ser tão
discreta quanto possível olhou no retrovisor. O carro que a seguia parou.
Por
mais que estivesse nervosa tentou manter a calma, pegou o celular e ia ligar
para a mãe e avisar que iria atrasar! Talvez imaginando, e tinha razão nisso,
que tinha sido descoberto, o motorista retomou a direção! Passou rente ao carro
de Joana e fitando-a fez sinal com o dedo simulando uma arma! Joana o encarou
ainda que suas pernas estivessem tremendo!
Rafael
saiu do banho gelado tal qual desejou desde a última gota de suor que deixou na
pelada, e para que não haja confusão, para o leitor mais desavisado, futebol entre amigos.
Passou o
desodorante pelo corpo como era seu costume. Pôs um short qualquer e se deitou
no sofá! No cenário criado lembrou novamente do amor de sua vida. Quantas vezes
não a teve em seus braços naquele sofá, quantas juras de amor trocadas ao
telefone. Tinha até em razão do surgimento de Joana conseguido superar a
tristeza de todos os dias. Era um homem tão frio e sério diziam, mas naquele
segundo, sozinho, e sem ninguém para julgar, chorou copiosamente.
Joana
ficou parada no carro por alguns instantes, olhou ao redor e seguiu viagem. No
caminho viu uma viatura policial e parou para pedir instruções. Gesticulava para
todos os lados, apontava para os carros!
Paolo
que estava a duas quadras de distancia não pretendia correr o risco de ser
detido, ligou seu carro e foi no caminho inverso. Teria outra oportunidade.
Assim que Joana entrou em seu carro e foi
embora os policiais se olharam:
- Você entendeu uma palavra do que ela disse?
- Nada! Mulher mais doida! Respondeu o outro
policial.
Joana em seu carro deu um sorriso discreto
para si mesma, tinha certeza que sua ação tinha afugentado seu perseguidor.
O
chefe de polícia relutou em aceitar, e disse:
- Não é minha função!!! Porque devo ir?
- A Polícia do Estado (Polizia di Stato) é
subordinada ao Departamento de Segurança Publica (Dipartimento della Pubblica
Sicurezza), a ordem veio de cima! Respondeu seu superior!
Assim, nada lhe restou e foi a caminho do
endereço determinado:
A Villa Giulia é um palácio de Roma, situado
numa zona que era conhecida como Vigna Vecchia (Vinha Velha).
Chegou ao palácio que foi construído para o
Papa Júlio III e hoje em dia hospeda o Museo Nazionale Etrusco.
Olhou em suas anotações e entrou e saiu de
salas, até que em uma delas havia um carabinieri na porta!
- Primeiro Ministro? Comendador? Disse
surpreso ao vê-los!
- Minha filha o que você tem? Perguntou a mãe
mesmo assim!
- Nada mãe! Nada! E o pai, melhor? Respondeu
Joana.
- Você não me engana, conte para mim o que
esta te afligindo!
Joana precisava desabafar! E se sentou com a
mãe na mesa da copa e contou tudo o que tinha acontecido!
- O que faço conto ou vou para a polícia?
Confio cegamente no Rafael?
- O que quer que faça não vá a polícia! Falou
o pai!
- Pai! Você esta acordado? Joana foi até a
poltrona dele e deu um beijo na testa de seu pai!
- Polícia não! Disse o pai!
Passados alguns segundos o pai olhou novamente
para a moça que estava na sua frente e disse:
- Quem é você? Porque a televisão esta
desligada!
Joana
conteve o choro, ligou a televisão e realizou que o aviso do pai era apenas a
manifestação do Alzheimer.
Rafael
estava sem ânimo para nada! Em verdade e como acontece com qualquer pessoa em
algum momento da vida, e especificamente naquele determinado dia, se questionou
das escolhas feitas e do rumo que sua vida tomou!
Jamais se perdoou por ter afastado Aline de
sua vida, sempre dizia a ela:
- Me perdoe por te amar demais!
Abriu a gaveta do armário e pegou a poesia que
escrevera para ela:
"O
céu se abriu em êxtase
Escute
o grito silencioso
Sinta
o calor refrescante
Feche
os olhos e veja
Percebe
o que eu sinto
O
corpo em harmonia
Tal
qual uma sinfonia
O
sorriso ilimitado
O
caminho tortuoso
As
intempéries do tempo
Nada
obstrui a alma
O
querer vertiginoso
A
lua encontra o sol
A
chuva acha a lagrima
Eu
já Te disse hoje?
Sim, é tudo e muito mais"
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