-
Você tem dois banheiros aqui? Com chuveiro?
-
Tenho sim. Duas suítes. Respondeu Joana.
- Ok! Arranja-me uma toalha. Vai tomar uma
ducha rápida ou molha o seu cabelo e eu vou para o outro quarto Quando tocar a
campainha espere um pouco e venha com o cabelo molhado e secando com a toalha.
-
E não diga nada sobre a invasão!!! Ainda alertou Rafael.
- Consegnati direttamente al Comandante!
Fez o que lhe foi pedido, o envelope trazia
informações do Cônsul Italiano no Brasil e também o relato da ultima conversa
com Paolo. Só podiam esperar e torcer para que o Comendador se desse por
satisfeito.
Ligou o chuveiro de seu quarto e ouviu o
barulho de água vindo da outra suíte.
-
Mais fácil assim. Disse para si mesma entrando rapidamente no box, após se despir. Saiu, da mesma forma, rapidamente e pôs a primeira roupa que achou, tempo exato da campainha tocar.
Lembrou-se de pegar a toalha para secar o cabelo.
Abriu a porta e três homens brotaram a sua
frente como em dia de colheita.
Os homens se entreolharam, como era de se esperar ao depararem com uma mulher bonita recém saída do banho e com os cabelos deliciosamente molhados, após uma pausa, o
mais sisudo disse:
- Senhora Joana, meu nome é Donato! Sou
policial federal e temos algumas perguntas a lhe fazer.
Neste momento Rafael apareceu na sala, somente
de toalha, cabelo molhado!
- Algum problema Amor?
Sem
conseguir identificar motivo racional em sua própria atitude, Roberta, deitada
na cama do Hotel em que se hospedara, estava estupidamente feliz, talvez apenas, devido a melhora do ferimento,
resolveu ligar novamente para o celular de Giuseppe.
O
celular tocou na sala habitada por pessoas que pareciam ter saído do banho e de policias que pareciam acreditar nisso, ou seja, em demasia! Joana olhou para a mesa e viu o
celular prata emitir a música que outrora a assustou.
- Atende Amor. Eu vejo com eles o que querem
com você. Falou Rafael.
A postura de Rafael de tomar conta do ambiente, de tudo, desde o momento em que ela ligara. Ao criar o plano, ao piscar quando a "mandou" atender o telefone, excitou Joana de uma forma inesperada e a qual não estava acostumada a lidar. Se todos aqueles homens tivessem a mínima ideia de quanto, os cabelos molhados passariam desapercebidos.
Enquanto
Joana foi para o quarto atender o celular, Rafael se identificou como advogado
e perguntou do que se tratava tudo aquilo.
- Alô! Disse Joana.
Do outro lado da linha, Roberta pulou da cama
e gritou:
- Chi sei? Dov'è il mio Giuseppe???
Joana
gostaria de saber falar italiano como Sophia e conversar com aquela mulher. Não
sabia o que dizer ou como dizer, mas também se lembrou dos homens na sala e
falou:
- Tenha calma, tudo ficara bem, tome o remédio
de 8 em 8 horas.
Roberta desesperada do outro lado da linha
falava várias frases incompreensíveis.
Na
sala Rafael endureceu a conversa e a postura:
- Veja bem, minha namorada não tem nada a esconder,
mas vocês não têm sequer um mandado ou intimação.Sou advogado, e aqui não é hora nem
local para averiguações. Disse mostrando sua OAB, que estava na sua carteira.
Joana retornou nervosa o que eles perguntariam
a ela, iria se contradizer, mas o policial disse:
- Senhora Joana aqui esta meu cartão! Gostaria
que fosse hoje prestar depoimento, não gostaria de voltar com uma intimação ou
mandado.
Rafael assentiu com um múrmuro do quarto
enquanto se vestia novamente. Joana esgueirou o corpo e seu próprio olhar ficou ruborizado com o que viu e com sua atitude.
Roberta ligou novamente, mas dessa vez o
celular caiu na caixa, Joana teve o bom senso de desligar o aparelho.
Mal
sabiam eles, Rafael e Joana, tampouco Paolo que pretendia entrar em ação com
brevidade e muito menos Roberta, que absolutamente tudo o que conheciam estava
para mudar.
Um
repórter investigativo com fonte dentro da Policia Federal iria apresentar uma
matéria que causar abalo da Avenida Paulista ao Coliseu!
Depois de duas horas gloriosas de demonstração
de falta de habilidade, à beira do campo, alguns na cerveja, outros com água,
refrigerante e energéticos, Rafael viu Dr. Antônio Carlos, hoje Juiz Federal,
ontem advogado de muitas farras:
- Excelência! Bom jogo, não se mistura mais
com os pobres mortais! Falou Rafael.
- Deixa disso Rafa! Por onde anda? Você que
sumiu! Respondeu o Juiz.
Rafael
ia no caminho para casa com duas coisas na cabeça: tomar um delicioso banho
gelado era a primeira, e a conversa que tivera com o Juiz, que o preocupara,
era a segunda.
Aumentou
o rádio, a música o lembrou de uma pessoa muito especial. De repente, todas as
lembranças vieram à tona e uma tristeza sem controle o consumiu! A lágrima
tímida escorreu pelo rosto e logo outras vieram! Aprendeu depois de muita dor
que nada era para sempre, muito embora, acreditasse que fosse! E até hoje ainda
a amava como ontem!
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