quarta-feira, 7 de agosto de 2013

LIVRO ON LINE....


- Você tem dois banheiros aqui? Com chuveiro?
- Tenho sim. Duas suítes. Respondeu Joana.
 - Ok! Arranja-me uma toalha. Vai tomar uma ducha rápida ou molha o seu cabelo e eu vou para o outro quarto Quando tocar a campainha espere um pouco e venha com o cabelo molhado e secando com a toalha.
- E não diga nada sobre a invasão!!! Ainda alertou Rafael.
 O homem de terno preto saiu do escritório com um envelope timbrado do Governo e se dirigiu ao Palazzo Chigi! Já na sede do Governo e com vista para a Piazza Colonna e para a Via del Corso, entregou o envelope na mão do carabinieri e disse:
 - Consegnati direttamente al Comandante!
 Fez o que lhe foi pedido, o envelope trazia informações do Cônsul Italiano no Brasil e também o relato da ultima conversa com Paolo. Só podiam esperar e torcer para que o Comendador se desse por satisfeito.

 Joana estava tão confusa, atônita e perdida com aquela situação toda que não teve forças para questionar Rafael, mesmo pensando, em como poderia estar confiando naquele homem que mal conhecia. Absurdamente ainda conseguiu internamente sorrir, em plena elucubração: Que plano elaborado ele criou em tão pouco tempo.

 Ligou o chuveiro de seu quarto e ouviu o barulho de água vindo da outra suíte.

- Mais fácil assim. Disse para si mesma entrando rapidamente no box, após se despir. Saiu, da mesma forma, rapidamente e pôs a primeira roupa que achou, tempo exato da campainha tocar. Lembrou-se de pegar a toalha para secar o cabelo.

 Abriu a porta e três homens brotaram a sua frente como em dia de colheita.

 Os homens se entreolharam, como era de se esperar ao depararem com uma mulher bonita recém saída do banho e com os cabelos deliciosamente molhados,  após uma pausa, o mais sisudo disse:

 - Senhora Joana, meu nome é Donato! Sou policial federal e temos algumas perguntas a lhe fazer.

 Neste momento Rafael apareceu na sala, somente de toalha, cabelo molhado!

 - Algum problema Amor?

Sem conseguir identificar motivo racional em sua própria atitude, Roberta, deitada na cama do Hotel em que se hospedara, estava estupidamente feliz, talvez apenas, devido a melhora do ferimento, resolveu ligar novamente para o celular de Giuseppe.

O celular tocou na sala habitada por pessoas que pareciam ter saído do banho e de policias que pareciam acreditar nisso, ou seja, em demasia! Joana olhou para a mesa e viu o celular prata emitir a música que outrora a assustou.

 - Atende Amor. Eu vejo com eles o que querem com você. Falou Rafael.
A postura de Rafael de tomar conta do ambiente, de tudo, desde o momento em que ela ligara. Ao criar o plano, ao piscar quando a "mandou" atender o telefone, excitou Joana de uma forma inesperada e a qual não estava acostumada a lidar. Se todos aqueles homens tivessem a mínima ideia de quanto, os cabelos molhados passariam desapercebidos.

Enquanto Joana foi para o quarto atender o celular, Rafael se identificou como advogado e perguntou do que se tratava tudo aquilo.

 - Alô! Disse Joana.

 Do outro lado da linha, Roberta pulou da cama e gritou:

 - Chi sei? Dov'è il mio Giuseppe???

Joana gostaria de saber falar italiano como Sophia e conversar com aquela mulher. Não sabia o que dizer ou como dizer, mas também se lembrou dos homens na sala e falou:

 - Tenha calma, tudo ficara bem, tome o remédio de 8 em 8 horas.

 Roberta desesperada do outro lado da linha falava várias frases incompreensíveis.

Na sala Rafael endureceu a conversa e a postura:

 - Veja bem, minha namorada não tem nada a esconder, mas vocês não têm sequer um mandado ou intimação.Sou advogado, e aqui não é hora nem local para averiguações. Disse mostrando sua OAB, que estava na sua carteira.

 Joana retornou nervosa o que eles perguntariam a ela, iria se contradizer, mas o policial disse:
 - Senhora Joana aqui esta meu cartão! Gostaria que fosse hoje prestar depoimento, não gostaria de voltar com uma intimação ou mandado.

 - Que loucura! Falou Joana se largando no sofá.

 Rafael assentiu com um múrmuro do quarto enquanto se vestia novamente. Joana esgueirou o corpo e seu próprio olhar ficou ruborizado com o que viu e com sua atitude.

 Roberta ligou novamente, mas dessa vez o celular caiu na caixa, Joana teve o bom senso de desligar o aparelho.

Mal sabiam eles, Rafael e Joana, tampouco Paolo que pretendia entrar em ação com brevidade e muito menos Roberta, que absolutamente tudo o que conheciam estava para mudar.

Um repórter investigativo com fonte dentro da Policia Federal iria apresentar uma matéria que causar abalo da Avenida Paulista ao Coliseu!

 O fim de semana chegou finalmente e todos puderam respirar. Rafael encontrou os amigos e foi bater a sua bolinha.

 Depois de duas horas gloriosas de demonstração de falta de habilidade, à beira do campo, alguns na cerveja, outros com água, refrigerante e energéticos, Rafael viu Dr. Antônio Carlos, hoje Juiz Federal, ontem advogado de muitas farras:

 - Excelência! Bom jogo, não se mistura mais com os pobres mortais! Falou Rafael.

 - Deixa disso Rafa! Por onde anda? Você que sumiu! Respondeu o Juiz.

Rafael ia no caminho para casa com duas coisas na cabeça: tomar um delicioso banho gelado era a primeira, e a conversa que tivera com o Juiz, que o preocupara, era a segunda.
Aumentou o rádio, a música o lembrou de uma pessoa muito especial. De repente, todas as lembranças vieram à tona e uma tristeza sem controle o consumiu! A lágrima tímida escorreu pelo rosto e logo outras vieram! Aprendeu depois de muita dor que nada era para sempre, muito embora, acreditasse que fosse! E até hoje ainda a amava como ontem!

 Joana acordou um tanto quanto relaxada! Depois de escovar os dentes e os cabelos de forma autônoma e com escovas diferentes, evidentemente, foi para a sala, bastou para sentir a tensão retornar ao ver o celular prata na mesa. Depois de um rápido café e televisão simultaneamente aproveitados se trocou para ir visitar seus pais. No elevador parou por um instante e se sentiu culpada ao ver o aviso do velório de Francisco, o porteiro assassinado.  Fosse por ser fato, verdade, fosse por tudo que acontecera nos dias passados, Joana tinha a nítida sensação que estava sendo observada! O calafrio na nuca a fez lembrar-se do filme de M. Night Shyamalan.

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