Paolo
se certificou que Joana não estava em seu apartamento! Ficou aguardando a
oportunidade e quando uma senhora com compras entrou no prédio, com seu charme
italiano e português macarrônico, deu o bote e se ofereceu para ajudar! A
senhora agradeceu e o porteiro imaginou que Paolo a estivesse acompanhando!
Para um escroque como ele foi fácil abrir a porta do apartamento de Joana!
Procurou e revirou o que pode! Não achou o que queria, levou, ao menos, o
notebook!
O
celular tocou e Rafael viu no visor do carro quem era e pensou:
- Caramba! O que ela quer comigo?
Acabou por atender a ligação, pôs no viva voz,
ouviu a voz feminina dizer:
- Rafael? Atrapalho? Desculpe por ontem,
percebi que estava ocupado!
- Imagina Priscila! Ontem não pude falar com
você porque estava em um jantar!
- Estou precisando de seus serviços de
Advogado! Falaram-me que você trabalha com Direito de Família! Falou Priscila!
- Trabalho sim! Vou te dar o número do
escritório e você marca com a minha secretaria, pode ser?
- Claro! Ligo para ela, sim. Obrigada, um
beijo.
Joana
olhou o relógio e percebeu que para sua sorte ainda estava cedo para ir ao
consultório.
- Vou dar um pulo em casa e trocar de roupa. Pensou em voz alta!
- Caramba! Porque não abre o portão? Embora
não gostasse se viu forçada a tocar a buzina.
Lá de dentro de seu carro, com a música e
envolver seus pensamentos não imaginava que o porteiro perguntava ao homem que
saia:
- Quem é o senhor? Em que Apartamento foi?
Paolo
sem nada falar mostrou o revólver. Pulou para o outro lado do balcão, entrando
na frágil guarita. Tirou a fita do DVD e atirou no equipamento de CFTV, e por
quase diversão, pois dificilmente seria identificado, no porteiro.
Saiu a pé calmamente, não sem antes apertar o
botão que abria o portão, para não chamar a atenção, já que a moça não
conseguia ver dentro da guarita e usou o silenciador.
Roberta
chegou ao portão 28, ofegante, pálida! Estava tão confusa, preocupada, fraca
que sequer percebeu a nesga de sangue que saiu do ferimento do tiro que levara
neste mesmo aeroporto! Entrou na fila para embarque e tão logo apresentou o
cartão e o passaporte viu a moça da empresa aérea lhe fazer um sinal para esperar
e ir conversar longe dali. Giuseppe a tinha ensinado bem, quando a moça voltou
com dois policiais federais não mais a encontraram.
Joana
pôs a chave na porta e seja por habito ou costume nem se deu conta que a chave
foi inútil. A porta já estava aberta! Quando entrou em seu apartamento o choque
foi imenso, estava tudo revirado. O primeiro impulso foi o de sair correndo, mas
por qualquer razão carente da própria razão respirou fundo e entrou. O pior foi
no seu quarto, suas roupas todas jogadas no chão, gavetas caídas! Teve a
certeza que quem quer que fosse não estava mais lá! Voltou, trancou a porta e
assim que sentou no sofá, desabou em choro!
Assim
que Rafael chegou ao seu escritório a secretaria um tanto aflita, disse:
-
Doutor! Tem uma moça ligando direto. Disse que seu celular não atende! Eu
tentei acalmá-la, mas não teve jeito!
- Ela não disse o nome? Priscila? Perguntou
Rafael.
Quando a secretaria iria responder, Rafael
percebeu, enfim, o celular vibrando, olhou no visor e não reconheceu o número!
- Alô?
-
Rafael! Assaltaram meu apartamento. Esta tudo revirado. Você pode vir? Não sei
a quem recorrer. Aflita e em indisfarçável choro Joana disse.
Rafael
não pensou duas vezes! Antes de sair do escritório disse para a secretaria.
- Mande a Dra. Gabriela fazer a minha
audiência das 14h e anote os meus recados.
Do carro ligou para Joana e pegou o endereço:
- Esta mais calma? Já ligou para a polícia?
- Estou muito nervosa ainda! Posso esperar você
chegar?
- Claro! Estou a caminho. Falou Rafael
tentando tranquilizar.
Quando
Rafael chegou na rua da casa de Joana viu os carros de polícia e imaginou que
alguém tivesse acionado os policiais.
-
Ela esta de folga do plantão hoje! Falou João para o policial federal.
- Esta Dra. Joana estava aqui quando a paciente
sumiu? Questionou o policial.
- O que vocês estão querendo? Aqui é um
Hospital Publico! Olhe a seu redor! A mulher sumiu? Não temos condição de
vigiar os pacientes! Interrompeu uma já aviltada e indignada Sophia!
- Agora se não tem nada mais importante, por
favor, nos deixe trabalhar! Concluiu, puxando João pelos braços.
O policial se calou e foi ao departamento
pessoal pegar o endereço da médica, no caso, Joana.
Paolo
copiou tudo o que tinha no notebook em um pen drive e se livrou do aparelho
juntamente com a arma que matara o porteiro! Esperou pacientemente o caminhão
de lixo passar e viu o saco que deixara no lixo, ser jogado no triturador. Não
estava feliz ou tinha ausência de consciência do que fizera, mas não tinha
opção! Se deixasse algo espirrar no Comendador, sua família seria atingida e
isso não iria permitir. Apesar do que parecera, não matara por diversão, mas por sobrevivência.
-
Oi! Cheguei! Estou estacionando o carro.A polícia esta aqui. Você chamou?
Falou Rafael!
- Não! Eu não chamei ninguém. Será que foi o
porteiro? Respondeu Joana.
Rafael foi tentar entrar no prédio e foi
barrado por um policial ainda na calçada:
- Não pode entrar Senhor! A área esta isolada!
Houve um crime!
- Crime? O que aconteceu? Minha amiga mora
aqui e vim visitar.
- Mataram o porteiro. Uma execução. E coisa de
profissional! Levaram a fita de gravação e destruíram o gravador! Disse o
tagarela policial militar!
O zelador autorizado pela policia ligou para
Joana e apenas perguntou se Rafael podia subir!
-
Obrigada! Obrigada por ter vindo! Falou Joana assim que Rafael entrou pela
porta!
O abraço que ela deu foi tão cheio de energia
que uma corrente de eletricidade percorreu o corpo todo tanto dele como dela. Sem que nada fosse dito, com os olhares fixos trocados entre si, recíprocos,
cúmplices, pedintes, em meio ao caos, os dois se beijaram! As bocas se tocaram
com carinho, paixão, desespero, em uma sinfonia melódica e potente.
Roberta
desistiu de tudo que tinha em mente. Giuseppe provavelmente estava morto! Não
poderia ser diferente, lembrava-se de cada verso, prosa, promessa, de todas as
juras de amor!
- Ho i soldi! Io sono una donna ricca! Disse.
E tinha razão, com todo o dinheiro que
Giuseppe havia deixado poderia comprar uma casa, ter empregados! Porque
arriscaria ser presa? Porque voltar para um passado que ambos tentaram fugir?
As
bocas não queriam! Os corpos suplicavam por mais! Não havia nada ou ninguém que
pudesse interromper aquela onda gigantesca de paixão que irradiava além da
razão, do querer, do desejo! Por um minuto pareceu que o destino tinha
encontrado seu lugar, seu canto de aconchego! Rafael pôs Joana sob seu peito e
afagou seus cabelos, confortando-a previamente, e então disse:
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