Rafael
se sentiu bem em mandar a mensagem para Joana! Não podia morrer em vida! E
Joana era uma mulher bonita, atraente, independente e que tinha conseguido
mesmo que em momentos esparsos tirar Aline de sua cabeça!
Rafael se preparava para ir na padaria tomar café e
ler seu jornal quando o telefone tocou!
- Joana, bom dia! Disse sem titubear antes
mesmo do alô!
- É Antonio Carlos quem fala! Fiquei com seu
celular ontem por engano! Preciso devolver! Me encontra na Pracinha!
Rafael ouviu o Juiz, seu amigo, falar, e vendo
seu celular na estante! Percebeu a mensagem codificada!
- Ok! Obrigado! Quando?
- Em 15 minutos! Respondeu o Dr. Antonio
Carlos!
Pracinha, para quem não sabe, era a mesma
padaria a qual Rafael estava indo e que era ponto de encontro da turma da
Faculdade nos tempos do curso de Direito!
-
Então esse é o cara? Como o pegaram? Perguntou o delegado da Seccional de
Pinheiros!
- Pura sorte Doutor! Pura sorte! Ele bateu na
traseira de um carro! E para azar dele a mulher era professora de italiano!
Falou o investigador.
- Não entendi! E que tem ela falar em italiano
com isso ?
- A batida foi leve doutor! Ela ia embora! Mas
ele ficou nervoso e antes de ir a xingou e disse que a vontade era dar um tiro
no meio da testa dela com a arma dele!
Como ela entende italiano, ficou quieta,
anotou a placa e passou para a viatura! Concluiu o investigador!
Naquele momento o intérprete saiu da sala e
falou para o delegado:
- Ele falou que é funcionário de Governo e
pediu a presença do Cônsul da Itália!
- Vamos chamar! Quero ver se é verdade! E se
for como vão explicar as armas que encontramos com esse tal de Paolo!
Incisivamente comentou o Delegado.
Joana
desceu para a sala e viu seu pai e sua mãe sentados à mesa a esperando pelo
café. O pai a olhou com ternura e disse:
- Bom dia Filha! Hoje vamos para a praia? Veja
que sol!
Joana e a mãe esqueceram por um segundo a
doença do pai e marido e sorriram, seja pelo dia de sol, seja por ele estar se
lembrando da filha e o mais importante: por estarem todos juntos!
Rafael
pôs seus óculos escuros e olhou para o céu escancaradamente azul! O dia estava
magnifico! A Pracinha, a padaria em que tomava seu café e iria encontrar o Dr.
Antonio Carlos não era longe! Resolveu ir a pé, sem pressa, porém, sem razão
aparente, estava extremamente feliz!
O
Delegado mal acreditou quando o investigador avisou que o Cônsul em pessoa
estava ali!
- Mas como? Já? Em pleno domingo? Esse cara
deve ser importante!
O
delegado recebeu o Cônsul em sua sala e perguntou logo de cara:
- Quem é ele? Qual o interesse do Consulado?
- Doutor... Franco! Disse o Cônsul, vendo o
nome na placa da mesa! E continuando:
- Ele nos interessa tanto quanto qualquer
outro cidadão italiano e foram vocês, a policia, que nos chamaram!
A conversa entre Paolo e o Cônsul foi
estranhamente rápida e em pouco o Cônsul estava indo embora!
- Obrigado, Doutor Franco.
Rafael
nem mal sentou e atendente já trouxe sua média e pão com manteiga frio! O bom
de tomar café no mesmo lugar quase todos os dias é que nem é preciso pedir o
ruim é que se estiver esperando alguém ou pretender tomar um suco de laranja
precisa pedir para trocar e dai no dia seguinte não vão servir tão logo sente
na mesa!
Logo, que assim fosse.
Antonio Carlos, seu amigo, agora Juiz Federal
chegou pouco depois.
-
Excelência! Que prazer! O que aconteceu com meu celular? Falou Rafael com o
próprio (celular) na mão!
- Deixa de gozação, Rafa! Estou preocupado,
como te disse quando nos encontramos na pelada (jogo de futebol).
Rafael olhou para o Juiz com a boca cheia de
uma mordida suculenta no pão com manteiga e disse, mesmo sem ser educado:
- O que?
Roberta
acordou enjoada e passou mal, não adiantaria reclamar novamente com a
cozinheira! Criou coragem e ligou para a farmácia e entre varias coisas pediu
um teste de gravidez, torcendo para que o dicionário e seu português
macarrônico tenham sido compreendidos.
Paolo, sozinho na cela, abriu sua carteira,
olhou a foto da mulher e dos filhos, deu um beijo e falou algumas palavras em
italiano! Durão, os olhos vermelhos mas não deixou cair uma lagrima sequer.
Na padaria, Rafael, quase engasgou:
- Operação Coliseu? Mandados de prisão?
- Fale baixo! estou aqui apenas porque sou seu
amigo! Disse o Juiz.
- Rápido! Rápido! Abre a cela! Ele se
enforcou! Gritava o investigador!
Quando
a abriram Paolo já não mais respirava! O cinto foi usado para enforcamento.
Em seu banheiro de mármore, Roberta chorava
lentamente, o teste de gravidez, positivo! Passava a mão na barriga e repetia:
- Giuseppe, nostro figlio!!!
O
Cônsul chegou à embaixada se fechou em sua sala, pegou o telefone e da linha
restrita ligou diretamente para o gabinete do primeiro ministro:
- Questo Fatto (está feito)! Disse desligando
em seguida!
Horas atrás quando estava na delegacia com
Paolo poucas palavras em Italiano selaram o futuro e o destino de Paolo e de
sua família:
- Paolo, vejo que esta com a foto de sua
família nas mãos! Disse o Cônsul.
- Eles estão bem? Perguntou Paolo!
- Vão ficar! Você sabe o que tem que fazer,
não?
Paolo ficou calado! O Cônsul então ao sair lhe
deu dois beijos no rosto e Paolo teve a certeza de que se fizesse o que
esperavam dele, sua família seria cuidada.
Quando recebeu o beijo do Cônsul Paolo
sussurrou em seu ouvido: Hotel Intercontinental.
Rafael
não tinha ideia do que estava prestes para acontecer, mas sabia que era algo de
proporções acima do ordinário!
Até o Juiz, seu amigo, não sabia exatamente os
detalhes! Mas basicamente era uma investigação de sonegação fiscal, lavagem de
dinheiro, e que poderia gerar uma crise internacional.
Rafael resolveu ir almoçar com seus pais que
moravam em Campinas! Quando estava na estrada recebeu uma mensagem no celular:
- Rafael! Adorei sua mensagem! Estou nos meus
pais! Assim que der, te ligo! Beijos Joana!
Longe dali nos estúdios de uma grande emissora
de televisão, o editor e o repórter terminavam a reportagem que iria ao ar de
noite, quando o celular do repórter tocou:
- Ele resolveu falar! Disse que não vai
mostrar o rosto e quer 50 mil reais!
O
celular do repórter tocou simultaneamente com duas informações e a equipe se
dividiu, uma parte foi para a delegacia e outra para um galpão abandonado em
algum ponto da cidade de São Paulo.
O celular de Joana tocou e ela atendeu
rapidamente imaginando que fosse Rafael! Não era!
- Sim! Exatamente o que a senhora ouviu! Da
emissora de televisão!
-
Mas, e o que tenho com isso? Sou apenas uma médica.
Joana desligou e imaginou que só podia ser
alguma brincadeira! O que ela poderia ter haver com uma investigação da Policia
Federal?
- Agora sim! Estamos com tudo! Disse o
repórter depois de sair do galpão! Agora segue rápido para o Hotel
Intercontinental!
No
Hotel Intercontinental dois homens subiram direto pelos elevadores! Entraram no
quarto que Paolo tinha informado e portando luvas e um saco plástico foram
colocando tudo que encontraram! Caderno com anotações, dois celulares pós
pagos, jornais com a foto de Joana marcada com tinta vermelha, comida, tudo,
enfim.
Fizeram um pente fino e se deram por
satisfeitos.
Enquanto desciam por um elevador o repórter e
a equipe subiam por outro.
- Nada! Como é possível? Estão gravando na
delegacia? Falou o repórter para seu assistente!
Sophia
estava saindo do hospital e iria para casa! Estava feliz, sempre imaginou que
João só tinha olhos para Joana, o que não era inverdade, porém, acabaram por
necessidade e dos acontecimentos se aproximando a ponto de João a convidar para
jantar.
Dois homens com um jornal na mão olhavam a
foto de Joana em um jornal e tinham uma ordem: achar, eliminar e pegar o
celular de Giuseppe.
Naquela tarde por comodidade Sophia tinha
parado o carro na vaga de Joana! Os homens à espreita e de tocaia falaram
quando ela chegou:
-
Dra. Joana! Sophia por reflexo, se virou e olhou! Bastou para os homens
dispararem por quatro vezes! Sophia caiu em sangue! Eles a revistaram
rapidamente, levaram um celular do jaleco e a bolsa! O homem mais próximo a ela
ia dar o tiro de misericórdia, quando viu alguém gritando em sua direção ao
longe.
-
Calma João! Calma! Não estou entendendo nada! Disse Joana ao receber a ligação
de um angustiado João.
- Joana! Balearam a Sophia! Balearam a Sophia!
Ela esta sangrando muito! Vai entrar em cirurgia! Me disse quando cheguei perto
dela o seu nome e ficou repetindo o seu nome! O que esta acontecendo?
-
João? João ? Repetia Joana para uma ligação já sem resposta!
Ela
não sabia mais o que fazer!
......
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