quinta-feira, 25 de julho de 2013


Esse acho que foi um dos primeiros contos que escrevi...Todos temos algo do que nos envergonhar....rs....Obs: Não bebo cerveja 



Bar do Antunes

 

 

                A mulherada hoje em dia está uma loucura, enquanto, nós homens, pensamos ser os caçadores, nada mais somos do que presas, a espera de que elas nos escolham, olhem para nós e digam: Quero você!!!!

                Antônio, eu no caso, não sou muito de me reunir com os amigos depois do expediente para o famoso happy hour, mas, o calor dos últimos dias me forçou a participar do que chamo de reunião de desocupados de plantão. Calma!!! Explico, tanto eu como meus amigos desocupados, temos trabalho, alguns tem família e uns poucos, inclusive, responsabilidade.

                Mas deve existir (claro que existe) coisa melhor do que ficar num barzinho apinhado de gente, sendo mal servido e tomando cerveja quente ou chope mal tirado. E os papos então!!!! Invariavelmente acaba em pelada, ou seja, só se fala de futebol e mulher. Novamente, antes que o leitor me ache uma aberração, informo que adoro bater minha bolinha e assistir meu futebolzinho de Domingo, de preferência com uma loira gelada (a cerveja) e uma peladinha me acompanhando (isso mesmo, nuinha em pelo).

                Voltando ao meu relato, vivo me perdendo em minhas próprias idéias, estou eu no Bar do Antunes, esperando pela minha cervejinha e beliscando de leve aquela batatinha já fria, quando ao olhar pelo lado vejo aquela mulher, quase moça, me encarando, olho para os lados, como se tentando provar a mim mesmo que foi apenas um olhar cruzado.

                Meu amigo, está a conversar comigo, vejo sua boca se mexer, mas não escuto absolutamente nada, estou bebendo minha cerveja, que neste momento está bem menos gelada do que deveria, presumo.

                Fico a encarar aquela mulher, ela bebe uma coca-cola, me perdoem as outras mulheres, mas acho muito sexy, uma mulher bebendo coca-cola do que cerveja. Ela é terrível, percebeu que caí em sua armadilha ocular, bebe o refrigerante com displicência, como se estivesse brincando, o gelo que vem a seguir é chupado com classe e depois devolvido ao copo. Não, não é nojento, estivessem vocês a vendo com meus olhos, estariam babando, como devo estar. O gelo vai e volta, passeia naquela boca, ora desejada, a língua dela é uma sinfonia de Beethoven, rápida, envolvente e o faz viajar.

                Em minha viagem só coube eu, ela, e um ou mais pedacinhos de gelo, imagino o estrago que aquela boca não faria, ao ter aquele pensamento, cometi um crime, sem culpa é verdade, e me vi cerceado em minha liberdade, já não mais podia ir e vir, sem ser alvo de olhares indiscretos.

                Meu dilema, como deve acontecer com a maioria dos leitores que já passaram por essa situação, era: Devo agir ?

                Fico aqui me deliciando com esse joguinho sensual, ou vou até a mesa dela e aplico o charme que penso que tenho, ou a cara de pau dos termos da adolescência. O que você faria ?

                Bom, no meio de minha indecisão, sou tirado do transe, pelo cutucão de meu amigo, João, que queria minha opinião abalizada, segundo ele, sobre uma discussão acalorada que travava com Pedro.

                Falei algo para João que em verdade nem me recordo. Levantei da mesa, estufei o peito e iniciei a travessia.

                Porém, caro leitor, como na maioria das vezes, algo nos surpreende. Ainda no início de minha travessia, refreei meus impulsos, ao ver minha eventual conquista ser beijada por um cara que apareceu do nada, como se estivesse na espreita para a defesa da presa.

                A volta à mesa era inevitável, porém para salvar minha dignidade, que queria intacta, me pus a reclamar com o garçom que por ali passava, das cervejas quentes e das batatas frias. Devia ocorrer o inverso.

                Ao retornar ao meu lugar cativo, fui recebido por João e Pedro, que me contaram, de novo (?) a história a ser resolvida, a final, segundo meu entender João estava com a razão. A pendência amigável me fez esquecer por alguns instantes o porque de eu ainda estar naquele bar.

                Olhei para a traidora, como que por desencargo, ela estava sozinha, tinha uma amiga por perto, mas o beijoqueiro não mais fazia parte do cenário.

                Fiz o que me restava na tentativa de salvar o orgulho de macho, dei aquele olhar de despedida, que para minha surpresa foi acolhido, estava de novo no jogo, pensei. O sorriso era doce e sensual, ela encolheu os ombros e de seus lábios vermelhos captei a mensagem: desculpa, é meu namorado.

                Veja leitor se é possível ? Ela me pediu desculpas, fiquei lisonjeado com a atenção e dei uma piscada, parecia que nos entendíamos de novo, quando, então, desgraçadamente, a ave de rapina ressurgiu das cinzas, pagou a conta e a puxou pelo braço, ela iria embora.

                Ela se foi, com ele,  é verdade, mas não antes de receber um beijo enviado com minhas mãos, quando olhou para trás, com aquele sorriso provocante.

                - î, olha o cara. - falou João ao perceber, finalmente, o que me prendia até aquele momento, já que era de se estranhar a minha presença por tanto tempo.

                Nem preciso falar que minha história passou a ser o centro principal do bate-papo, e a conversa que se passou, fez com que as batatas não parecessem tão frias e a cerveja nem tão quente. Passei a freqüentar o Bar do Antunes regularmente (podem acreditar), e como freguês habitual passei a ter cerveja gelada e batatas crocantes. (acreditem de novo)

                Não sei quanto a vocês caros leitores, mas, é bem melhor ser o escolhido não é ? E quanto a minha, ou melhor, nossa paquera, algum tempo depois, a encontrei novamente. Ela ainda possuía aquele olhar ávido e sensual e os lábios molhados de gelo, mas isso fica para outro dia.

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