O quarto homem foi puxado para dentro
do carro que saiu em alta velocidade. O policial ainda o acertou na perna. A mulher que estava do lado do passageiro
ainda disparou em direção do policial! Com o tempo as pessoas foram se
levantando! O policial olhou para trás e gritou:
- Chamem um Médico!
A atendente estava estirada no
chão e um filete de sangue escorria pelo calçamento!
Ele chegou perto dela e percebeu
o corpo sem vida! O tiro que era para ele a alvejou e foi certeiro no coração!
Ele se ajoelhou:
- Desculpe! Disse passando a mão
sobre os olhos dela, cerrando-os!
Joana pediu para o táxi parar,
para poder descer, estava com pressa de chegar ao Plantão! Tinha dormido tarde
e estava atrasada!
- Melhor mesmo Doutora! Parece
que teve um tiroteio no IML ao lado do hospital! Falou o taxista!
À medida que foi andando pela
calçada, viu viaturas, uma confusão e tão logo pôs o jaleco, ouviu:
- Você! Isso! Não é médica? Falou
o policial.
Joana se aproximou, passou pelo corpo de uma
moça e viu o rapaz com a mão na perna!
- Fiquei tão transtornado que a moça morreu,
que nem vi o outro ferido! Disse o angustiado policial.
Joana abriu sua maleta e deu um primeiro
atendimento!
- Fique calmo! Não atravessou! Você ficará
bem.
- O que aconteceu? Perguntou ao
policial!
- A mulher que disse ser esposa dos olhos
azuis nem parecia estar triste!
Joana pôs a mão por cima de sua
bolsa como que "protegendo" o celular que era de olhos azuis, e
pensou:
- Meu Deus, o que eu faço com isso?
- Calma Doutora! Falou o policial quando o
celular tocou!
Apesar de ser o seu celular que estava
tocando, em razão de seus pensamentos, Joana demonstrou nervosismo!
- Joana? É Rafael, pode falar?
- Posso!
Neste instante várias viaturas da Policia
Federal em alta velocidade se aproximaram e os policiais podiam ser vistos
pelas janelas dos carros empunhando suas armas.
- Alô? Alô? Falava Rafael!
Joana por sua vez se encolheu enquanto o
batalhão passava com truculência, o que fez com que evidentemente se esquecesse
de Rafael!
Joana ficou cega por um segundo
quando o reflexo do sol na arma do policial entrou em seus olhos! Os policiais
pareciam não ter fim! Tudo parecia em câmera lenta e visto de forma sequencial:
o rapaz baleado sendo atendido; a mãe da moça morta que chegou em desespero; a
policia parecendo uma matilha e por fim o sol escaldante!
Não parecia uma boa ideia, mas a
mulher que ligava desesperada para o celular de Giuseppe não conseguia mais
esperar. Tinha que ir atrás dele, mas como? Olhou o passaporte e os dólares e euros
na cômoda e lembrou-se do que Giuseppe disse antes de sair há três noites:
- Mio amore! Due giorni! Dopo non mi aspettare!
Prendere l' aereo!
Rafael estava rumo ao fórum na
Praça João Mendes para retirar um alvará e como de costume parou na Rua da Gloria
para tomar um café.
Ainda inconformado por ter o
telefone desligado na cara, pela segunda vez, ouviu a conversa de dois
policiais militares:
- Ficou sabendo do tiroteio no
IML? Morreu gente e parece que está infestado de federal!
- É! Eu vi a pouco na televisão
no ponto de táxi! Disse indicando com a mão!
Rafael foi comendo o pão com
manteiga e se imiscuiu próximo da pequena televisão! Ouviu a jornalista dizer:
- Tiroteio e morte no IML, vamos com imagens
ao vivo!
Não acreditou quando a repórter andando pelo
local, parou e perguntou:
- Você é medica? Viu o que aconteceu? Muitos
mortos?
- Joana... - De forma muda disse Rafael.
Joana só queria sair de lá o mais
rápido possível e ir trabalhar! O celular de olhos azuis em seu bolso parecia
pesar uma tonelada!
Rafael terminou seu pão com
manteiga e andou em direção ao fórum meneando a cabeça e seus botões pensaram:
- Qual a probabilidade disso acontecer?
A rua foi esvaziando, a reportagem acabou!
Joana respirou aliviada, enfim!
Nenhum comentário:
Postar um comentário